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Arminandar

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Arminandar (2015) - Capítulo I - Os Sonhos de Iliash - Dormia pesadamente no silêncio do seu quarto em Londres, o silêncio era um amigo que prezava muito e o apartamento fora escolhido justamente por esse motivo, o silêncio da noite. A vista do edifício nos limites do Soho não era grande coisa, mas a quietude do lugar era tudo, praticamente impagável! Permaneceu na cama por ainda mais alguns minutos, passando a língua calmamente contornando os lábios para sentir a boca ressecada, mas com um gosto levemente adocicado, isso era novidade, não se lembrava daquela sensação prazerosa ter acontecido antes.

 

Na noite anterior tinha jantado na agradável companhia de Christine Spiegel que o seduzia cada vez mais com seus encantos naturais. Olhos grandes e redondos com duas gemas preciosas azuis ao centro, rosto fino e alongado, bastante simétrico e lábios carnudos vermelhos como se fossem morangos prontos para serem prontamente degustados.

 

Era pouco mais baixa do que ele com cerca de 1,70m corpo esguio e curvilíneo, pouco mais jovem também, mas nada lhe faltava, sempre sorridente e alegre, certamente uma das melhores coisas que havia lhe acontecido recentemente. Lembrava-se de seus cabelos loiros cacheados que pendiam sobre as faces enquanto conversavam descontraidamente no restaurante Le Gavroche, na Upper Brook Street, de decoração clássica e tradicional britânica, mas o que mais gostava em Christine era a particularidade de vê-la sorrir com os olhos, isso era fantástico!

 

O jantar tinha sido no melhor padrão do renomado restaurante, para comemorarem o sucesso da exposição fotográfica da qual Christine era a personagem principal, modelo de primeira linha nas páginas da moda e as fotografias do ensaio nu em preto e branco, revelavam o quanto a natureza quando quer poderia ser perfeita, pelo menos aos seus olhos, por esse motivo tinha se tornado fotógrafo profissional.

 

Lembrava-se que pediram ao maitre a carne de cordeiro assada com folhas de hortelã e para acompanhar uma garrafa de Glaetzer Wallace Shiraz Grenache que combinou perfeitamente como o encerramento da noite. Mas o sabor adocicado com um leve toque de laranja e canela ao acordar ainda o intrigava não via relação com os acontecimentos da noite anterior...

 

Não estava atrasado, porém precisava adiantar-se em sair de casa para o encontro com o curador do Museu Britânico. Foi com grata surpresa que este o contatou no sentido de fazerem uma reunião para discutirem uma expedição arqueológica e fotográfica em algum lugar do Oriente Médio ou África Ocidental, ainda não sabiam ao certo o local exato, mas a satisfação em poder deixar Londres por um breve espaço de tempo que fosse, era-lhe convidativo, a possibilidade de se ver incluído como membro efetivo desse empreendimento na qualidade de fotografo e observador, mexia com sua vaidade profissional.

 

Entrou no carro estacionado na garagem do edifício onde já residia há quase cinco anos, um Range Rover Evoque de cor preta, não era último modelo, estava até bem longe disso, mas gostava imensamente do conforto que lhe proporcionava naquele trânsito monótono de ir e vir das grandes metrópoles. E aquele carro dava-lhe a impressão por vezes de estar passeando por um lugar mais selvagem do que apenas o centro de Londres!

 

No caminho para o museu enquanto escutava uma versão antiga de Yeha Noha-Sacred Spirits dos nativos americanos Sioux que tanto gostava, ainda sentia o leve amargor das amêndoas com o doce sabor da laranja. Não sabia o porquê, mas tinha uma paixão incontida por música indígena de qualquer natureza, “talvez fosse o seu lado animal e primitivo manifestando-se na forma de música!” – pensou distraidamente enquanto manobrava o veiculo para sair do estacionamento e pegar a estrada.

 

Aos poucos, entretanto, começou a lembrar-se de que não fora somente uma noite de sono simples e tranquila como tantas outras que sempre tivera, alguma coisa havia mudado e recordações esparsas iluminavam a sua mente com imagens desconexas na medida em que prestava mais atenção na música e menos no trânsito. Não lhe trouxe dificuldades o trajeto entre o apartamento onde morava e o estacionamento do Museu Britânico de Londres, neste caso específico tinha livre acesso ao estacionamento do museu por conta da reunião, então isso pelo menos não foi nenhum problema, pelo menos não desta vez.

 

Subiu as escadas com celeridade, de forma elegante, por mais que estivesse ansioso para saber o propósito concreto do convite do curador, a boa apresentação seria seu maior cartão de visitas. Apressou-se em se dirigir para a recepção que ficava no átrio principal da entrada, onde uma secretária aparentando aproximadamente uns vinte e cinco anos, - cabelos castanhos e longos escorridos por cima dos ombros e que o olhava atentamente atrás de uma armação de óculos delicada que combinava perfeitamente com seu rosto e sorriso amigável, quase convidativo – Olá, sou Bridget, primeira secretária da curadoria do museu, como posso ajudá-lo? – perguntou-lhe ainda com o brilhante sorriso e os olhos penetrantes de simpatia.

 

- Meu nome é Iliash Arminandar, fotógrafo de profissão e explorador do desconhecido por natureza! – disse-lhe abrindo um largo sorriso também, procurando uma aproximação mais confortável – estou aqui a convite do Dr. Alexander Follmann para uma entrevista – concluiu.

 

- Sim Sr. Arminandar queira me seguir, por favor! O Senhor tem hora marcada com o Dr. Follmann ás 10h00min no Reading Room que neste momento encontra-se fechado ao público por conta da reforma de ampliação... Por aqui, Por favor. – Disse-lhe em tom bastante cordial Bridget, nome fácil de memorizar, “difícil mesmo seria não segui-la”, pensava Iliash, outro extraordinário exemplar da raça humana que caminhava pelo corredor abraçada a um dossiê com algumas folhas presas, muito provavelmente dos afazeres do dia.- Como a natureza é bela – pensou alto por instantes fazendo com que Bridget que seguia à sua frente se virasse involuntariamente em sua direção levemente corada...

 

– desculpe não tive a intenção de ser desagradável. – Apressou-se Iliash em se desculpar pelo ocorrido.

 

- Não foi desagradável, apenas inesperado! – Bridget continuou seguindo na frente, mas não deixou por menos o fazendo sentir-se constrangido, ainda que ela tenha gostado bastante da observação daquele homem que tinha irrompido pela porta do museu como um deus grego tal qual via nos livros de história. “Poderia bem fazer de suas palavras as dela mesma!” – pensou enquanto mordia levemente o lábio inferior. A porta rangeu suavemente e sentado numa mesa debruçado sobre um grande e volumoso livro que aparentemente o absorvia, estava um homem de seus sessenta e cinco anos, quase o dobro da idade Iliash, pelo menos era o que aparentava - cabelos levemente grisalhos e algumas marcas do castigo da exposição ao Sol por longos períodos -, certamente um explorador de campo antes de se entregar á monotonia dos museus.

 

Só percebeu o quanto era alto e corpulento quando este se levantou e caminhou para cumprimentá-lo. Apertaram as mãos fortemente, Alexander Follmann utilizando as duas, que permaneceu segurando a dele entre as suas e iniciou a conversa:

 

– Sr. Arminandar que prazer em ver que pôde aceitar e comparecer ao meu convite! Diga-me o senhor é um bom fotógrafo? – perguntou bruscamente sem soltar ao menos soltar a mão de Iliash que começa a ficar levemente suada.

 

- Penso que meu trabalho me precede Dr. Follmann, pois de outra forma não estaria aqui agora, se é que me entende! – assentiu firmemente enquanto recolhia a mão agora um tanto quanto quente e úmida, havia uma tensão quase que imperceptível no ambiente. - Mas respondendo à sua pergunta, sim creio ser muito competente naquilo que faço! – sentaram-se frente a frente na grossa mesa vitoriana que servia de escrivaninha e onde estava o que poderia se chamar de Tomo literário, provavelmente mais antigo que a maioria dos livros ali presentes e havia bastantes livros por todos os lados.

 

- Bem Sr. Arminandar – apenas Arminandar, por favor, Iliash apressou-se em dizer. - Bem Arminandar, como deve ser de seu conhecimento o Museu Britânico nos dois últimos séculos tem sido de grande valia para descobertas arqueológicas em todo o mundo – o curador olhou-o por cima das lentes dos óculos com atenção para ver se este compreendia o que estava sendo dito – prepara-se neste momento uma nova expedição na busca de um lugar que achamos que supostamente existe no Norte de África e que tem permanecido longe dos olhos da humanidade por milênios. – Fez uma pequena pausa para logo em seguida continuar.

 

– E no melhor sentido de formarmos uma equipe homogênea seu nome surgiu quase que prontamente pelo seu trabalho excelente em fotografia para renomadas revistas, e não só, também pelo espirito aventureiro que consideramos ser-lhe inerente. – Fechou o livro que se encontrava aberto sobre a mesa com uma atitude de advertência e para o qual Iliash olhava com certa curiosidade, no sentido de saber se haveria ali mais algum indicio do teor exato da conversa em questão.

 

- Continuando, trata-se de uma expedição sigilosa, não queremos que caçadores de fortunas sejam os responsáveis por qualquer tipo de contratempos ou saques do que possivelmente possa ser achado, caso seja achado, notadamente! – novamente uma pausa e aquele olhar que começava a ser característico sobre as lentes dos óculos, mas desta vez havia uma dúvida em seus olhos para ver se a mensagem tinha sido compreendida e o que queriam dizer as entrelinhas. Era um jogo de gato e rato ao qual Iliash já estava acostumado!

 

A curiosidade de Iliash era evidente e apenas aumentava a cada palavra ouvida, não seria a primeira vez em que iria numa expedição, já o havia feito em outras ocasiões para algumas revistas internacionais de fauna e flora e periódicos científicos, inclusive zonas de guerra e conflitos armados, portanto, estava dentro da sua zona de conforto, até então sem novidades!

 

- Seu trabalho é de suma importância, pois poderemos ser os primeiros em milênios a entrar nesse recinto e é fundamental, que consigamos documentar o modo como tudo está disposto nesse lugar! O que acha, pode fazer esse tipo de trabalho? Acha que consegue atender ás expectativas da expedição? – Alexander Follmann concluiu firmemente à espera de uma resposta imediata.

 

- Dr. Follmann... – apenas Alexander. - Apressou-se o curador em dizer no sentido de devolver a cortesia que lhe havia sido feita anteriormente por Iliash.

 

– Então Alexander, as informações que me forneceu não são suficientes para que eu tenha a correta ideia do que se trata, mas é indiscutível que tem a minha atenção. É provável que a descoberta caso se concretize e dada a seriedade com que esta instituição na sua pessoa me faz o convite, valha bastante a pena! – antes que pudesse concluir o curador apressou-se em cortar-lhe as palavras.

 

Sob um olhar quase que sagaz, arrematou: - Maior do que o Tesouro de Montezuma, o Eldorado, a tumba de Iskandar, provavelmente a maior descoberta de todos os tempos! – completou com um sorriso quase imperceptível e enigmático enquanto o fitava com os olhos de um águia, sabia que tinha apanhado Iliash e como uma presa fácil este caíra na armadilha. Mas Iliash de Arminandar só se deixava apanhar em ratoeiras quando queria e houvesse motivos, fossem elas profissionais ou amorosas...

 

- Interessante, mas antes de aceitar, e veja bem, é claro que estou interessado! Seria importante que discutíssemos os valores dos meus serviços profissionais! – antecipou estrategicamente o fotógrafo para que tivesse mais tempo de pensar no que havia acabado de ouvir. “Iskandar! A tumba de Alexandre da Macedônia, O Grande, senhor da guerra e da antiguidade, mistura de semideus e demônio em pessoa, que havia perecido no auge de sua juventude e virilidade como o senhor de todo o mundo conhecido, Iskandar a lenda, o mito!” ecoava em sua mente as últimas palavras de Alexander Follmann.

 

-... Portanto Arminandar, como lhe disse não há com o que se preocupar em relação ao seu pagamento, será regiamente remunerado dentro dos valores que lhe falei e mais algum adicional que se faça necessário e claro a honra e glória de participar dessa expedição. O que me diz? – finalizou Alexander esperando uma resposta afirmativa e imediata do fotógrafo.

 

Iliash não tinha ouvido nenhuma palavra quanto ao acerto financeiro, seus pensamentos estavam a alguns milhares de anos no tempo, mas uma resposta era necessária e curiosamente naquele momento descobriu que estava um pouco entediado com Londres apesar da ótima companhia de Christine. – Conte comigo Dr. Follmann! Desculpe; Alexander! – apressou-se em corrigir - sim estou interessado, minha resposta é sim! – concluiu com certa excitação na voz que de forma alguma tinha passado despercebido ao curador.

 

- Muito bem Arminandar, volte daqui a três dias a contar de hoje, por este horário que combinamos mesmo e lhe apresentarei aos demais integrantes da expedição. Lembre-se de guardar segredo! – frisou encerrando a conversa e olhando para Bridget que não tirava os olhos do convidado de Alexander Follmann.

 

Sem mais se despediram e cada um voltou aos seus afazeres. Na saída foi impossível não perceber o sorriso amplo e convidativo de Bridget que o acompanhou da grande sala de leitura até à saída do museu. Hesitou por uma fração de segundo e devolvendo o gentil cumprimento de Bridget que lhe estendeu a mão fina e macia, porém quente, desejando-lhe um ótimo dia, foi em direção ao carro que silenciosamente o aguardava no estacionamento. Deu partida no automóvel e manobrou para sair do museu, seus pensamentos estavam longe e a música tribal ajudava a cada vez mais a se distanciar do presente por algum motivo achou que não pertencia mais àquele lugar, a cidade grande e cosmopolita.

 

O gosto de amêndoas com um leve sabor de laranja persistia no interior de sua boca, de certa forma muito agradável, não fosse o total desconhecimento de onde viria aquele paladar agridoce e que o deixava pouco há vontade quando da ignorância de sua origem. Não demorou em chegar ao estúdio que ficava do outro lado da cidade, mas naquele horário podia-se dizer que era como dirigir num fim de semana. O restante do dia transcorreu sem novidades, e a normalidade da vida urbana tomou conta da rotina na escolha dos negativos mais apropriados para a edição de fotografias e envio para do material para as revistas especializadas, que com muita frequência solicitavam algumas imagens do seu acervo particular. Era uma forma de ganhar dinheiro sem precisar sair em campo e por esse motivo sempre fotografava tudo o que via e nesse sentido a fotografia digital só veio para ajudar.

 

A monotonia do final da tarde só foi interrompida pelo toque do telefone que repousava em silêncio sobre a mesa de vidro com iluminação por baixo, era nela que colocava todo o produto do seu trabalho e analisava as provas uma a uma para escolher aquelas que considerava sendo as melhores e assim as mandaria revelar. Sua visão critica do trabalho que fazia era também sua marca pessoal e profissional o que lhe atribuía credibilidade no mercado fotográfico. “Certamente por isso Follmann o manda chamar e fizera o convite para a expedição.” Pensou enquanto atendia a ligação.

 

- Christine, que bom ouvi-la! – atendeu sem demora, quase que num gesto automático, Christine talvez fosse tudo o que precisava naquele momento, mas não se sentia assim.

 

– Iliash, esperei sua ligação a tarde toda! o que houve? Esqueceu-se de mim? – respondia Christine do outro lado com um leve toque de divertimento, ao mesmo tempo em que lhe devolvia as perguntas. Iliash olhou o relógio de pulso Sturmanskie Traveller 24, um relógio analógico de pulso que tinha a particularidade de possuir as vinte e quatro horas do dia, o último presente que havia recebido de Christine, justamente porque sempre se atrasava para os compromissos, aparentemente era tarde da noite e estaria irremediavelmente perdido em suas desculpas!

 

- Desculpe minha querida, tive uma reunião hoje de manhã e ainda que fosse por apenas breves momentos o assunto não me saiu da cabeça por toda a tarde! É algo que gosto de fazer e em princípio aceitei, talvez precise ficar fora por uns tempos – aguardou uma resposta enquanto o silencio se fez presente do outro lado da linha. Não foram precisos mais que do que alguns segundo, mas que pareceram horas.

 

– Vamos viajar? Que ótimo! Quando partimos? – A resposta de Christine o tomou de surpresa, não achava que ela iria pelos compromissos profissionais que tinha, além disso, não sabia se o convite do Dr. Alexander Follmann era extensivo a terceiros...

 

- Melhor será se nos encontrarmos para conversar, acho importante que nos vejamos antes de partir, tenho três dias, dois e meio na verdade, talvez fique fora por uns tempos. – Repetiu sem ter muita convicção do que verdadeiramente falaria para Christine além de que estaria fora a trabalho por tempo indefinido – encontre-me amanhã, pela manhã e tomaremos a primeira refeição do dia juntos, o que acha? – uma pausa e a resposta, breve com um leve toque de decepção na voz de Christine não deixou de incomodá-lo. Por algum motivo estava começando a ficar exausto, como se uma força desconhecida drenasse a sua energia aos poucos, sentia-se com o peso do mundo sobre as costas. Por breves momentos lembrou-se da figura do Titã Atlas carregando o mundo em seus ombros, sentia-se assim se é que isso fosse possível!

 

- Sim Iliash, nos veremos amanhã, já que hoje pelo visto não teremos essa oportunidade. Fica bem! – desligou sem que houvesse oportunidade de resposta.

 

Iliash compreendia sua decepção, estavam juntos à apenas alguns meses depois de terem trabalhado mundo afora fazendo fotografias para revistas de moda, sempre que possível ela o indicava como seu fotografo favorito por deixá-la bem há vontade durante as sessões, deste modo havia pouca resistência por parte dos patrocinadores em contratá-lo. Com o tempo foram adquirindo mais intimidade e descobriram que tinham mais em comum do que imaginavam.

 

Recostou-se enquanto pensava e desta forma adormeceu exausto sem ter feito algo durante todo o dia que pudesse justificar esse cansaço, o sono veio profundamente e de uma forma que jamais havia sentido, teve a impressão de que saía do próprio corpo para algum lugar que nunca estivera antes. Apesar da inconsciência ainda sentia o leve sabor agridoce de amêndoas com laranja e canela. Uma brisa levemente fria, mas agradável o envolvia, um odor de madeira queimando se fazia presente por todo o ambiente do quarto. Fazia tempo que não se sentia tão à vontade, quase como se seu espirito se tivesse libertado.

 

Iliash caíra num sono profundo, o sono do amanhã. Depois daquela noite nada mais seria o mesmo em sua vida ou das pessoas que amava. Tudo estava prestes a mudar, o que estava estabelecido não poderia mais ser perpetuado, não haveria mais ordem no caos, porque a tempestade se aproximava e ninguém tinha meios de pará-la. Seria possível continuar amando Christine?

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