Nas muitas caminhadas em busca de ideias novas para as tramas dos livros que regularmente escrevo, procuro passar por lugares onde a História tenha sido de alguma forma relevante, não necessariamente zonas de confrontos, ou mesmo de assentamentos humanos, mas é indispensável que possamos perceber todas as coisas com um olhar crítico e de enquadramento. Ver e Enxergar são coisas absolutamente diferentes, em geral e no cotidiano, olhamos todas as coisas pelo sentido único de percepção visual, porém, quando enquadramos essas mesmas coisas pela lente de uma câmera fotográfica, ou simplesmente por dentro de um anel... As possibilidades tornam-se infinitas. Existe muito mais nas paisagens e objetos inanimados do que aquilo que nos é apresentado de momento. Procure ver a vida por outros prismas! Utilize um olhar mais crítico e de enquadramento. Nem sempre a primeira observação é a mais adequada... Em outros casos, nem a última...

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As fotografias que seguem foram capturadas num dia ensolarado de Verão, no mês de Julho, mais precisamente numa Sexta-Feira. O horário ficou entre as 10h00min e 14h00min, algumas nuvens esparsas modificavam a Difusão Celeste feita pela água do gigantesco Oceano Atlântico que se desdobrava na minha frente e que seguia para Além Mar até onde a vista alcançava. Por vezes, a paisagem escurecia um pouco dando um tom de Azul Escuro que contrastava com as cores pastéis das Falésias, estas com mais de trinta metros de altura, em algumas partes chegando a cinquenta metros, logo em seguida, descortinava-se o poderoso Sol e as cores oceânicas transmutavam para Verde Esmeralda ou Azul Lazúli. Muito mais importante do que apenas o deleite da Visão Divina ou do Paraíso (talvez seja mais adequado) que tinha por todos os lados, era a necessidade de assegurar que poderia capturar cada momento de forma a que em qualquer período da minha vida pudesse retornar àquele lugar, mesmo sem sair de casa, apenas folheando as páginas do Livro de Fotografias de Benagil e o Oceano.

 

Dividir essa paixão pelo Belo e Natural deve ser sempre a premissa de qualquer bom escritor ou fotógrafo, não deve guardar para si os momentos de felicidade, estes precisam ser compartilhados com o restante do Mundo. Mesmo quando elaboramos uma tragédia sem precedentes na vida dos personagens fictícios, fica implícito que perseverar é o princípio que move a humanidade todos os dias e para aqueles que nunca viram o mundo em que vivem dessa forma, pela singularidade da lente de uma câmera, experimente pegar uma mesmo das mais simples e passar algum tempo estudando qual seria a fotografia ideal, o ângulo desejado, o momento inspirador... A fotografia para deixar o seu nome na História.

Antecipando esta lógica, ela simplesmente não existe. Isso se deve ao fato de que só quem fotografa sabe o desejo interior que está contido nos pensamentos, portanto, a melhor fotografia que puder capturar será a que lhe deixar mais realizado. O tema deste Livro Fotográfico é a região de Benagil na Freguesia de Porches pertencente ao Concelho de Lagoa na Província do Algarve em Portugal, a região é amplamente conhecida pelas águas transparentes e cristalinas, de cor azulada e esverdeada, com grandes enseadas espalhadas por vários quilômetros em ambos os sentidos das Falésias. Região esta que proporciona excelentes passeios marítimos até ao interior de algumas grutas naturais que são verdadeiras joias da natureza. A impressão que dá ao vislumbrar tamanha beleza é de que cada coisa neste lugar foi concebida pensando apenas em agradá-lo e aos seus sentimentos mais íntimos. Nem todos os lugares estão contemplados neste volume, existirão outros livros sobre o tema certamente e com absoluta certeza será necessário capturar toda esta força natural também nos períodos de Outono e Inverno, épocas de maior solidão e isolamento do local, mas também de poder ouvir o que as ondas do mar nos falam baixinho enquanto açoitam as gigantescas paredes de Arenito, que trazem nas ranhuras as marcas das disputas ferozes com os elementos e a imensidão do tempo. E.W.